domingo, 9 de agosto de 2009

escolhas

escolhas

era sempre naquela altura que o pedro mais pensava no pai. Como era bom quando o pai estava: ele chegava e a casa ficava logo mais pequena. era a voz, a maneira de andar, os gestos...até aquele tique de mexer constantemente no bigode enquanto ouvia alguém falar.
mas agora o pai não ia voltar.
a mãe dissera-lhe que ele tivera um trabalho urgente e tinha de estar longe por alguns anos. e, no entanto, o pedro, sem saber muito bem porquê..., não acreditava na mãe. já não seria a primeira vez que ela mentia...também que importava, ele tinha de se habituar à ideia de um dia ficar sozinho! pelo menos todos lhe diziam isso: que para ser um homem tinha de ser sozinho e forte...e tinha o tal trabalho de ser logo na altura do natal que era quando o pai passava mais tempo em casa: brincava com ele, o levava a passear no carro velho, com aqueles barulhos tão estranhos?!...
não conhecia o patrão do pai, mas já não gostava dele. quando o conhecesse havia de saber qual era o seu carro e depois furarava-lhe os pneus.
talvez a mãe estivesse mesmo a mentir e aquela fosse outra das zaragatas entre eles. sim, era isso. tinha de ser isso. preferia ouvir gritos, gente zangada, do que não ter o pai em casa no natal...

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