sexta-feira, 7 de agosto de 2009

o jardim à frente de casa...


o jardim à frente de casa...


perguntou à mãe se podia ir brincar para a rua. a mãe respondeu-lhe afirmativamente, dizendo que não saísse do jardim que ficava à frente de casa.

ele saiu.
estava calor e àquela hora, provavelmente, não iria encontrar ninguém para brincar. mas preferia ir para a rua a ficar em casa e ter de ouvir as discussões dos pais. não havia maneira de pararem de discutir...
sentou-se no banco do jardim e olhou para o céu. estava sol, por isso teve de fechar os olhos.
e, enquanto fechava os olhos, apeteceu-lhe imaginar que não estava ali. que não era ele. que vivia noutro país. que era filho de outros pais. que era feliz.
e lembrou-se da avó.
lembrou-se do tempo em que avó o levava todos os dias ao rio. e, enquanto a avó lavava a roupa, ele com os primos brincavam dentro de água. sem medos, com gargalhadas e muita vida.
depois os primos tinham deixado de ir passar o verão com ele e a avó já não precisava de ir lavar a roupa ao rio. e os passeios ao rio tinham sido esquecidos por todos.
agora restava apenas o jardim e alguns amigos que ali apareciam ao fim da tarde.
cada vez havia menos gente na aldeia.
cada vez se sentia mais sozinho. no entanto, gostava de viver assim.
um dia, também ele, havia de partir. o pai andava sempre a dizer que haviam de partir.
já tinha tantas saudades e ainda não chegara o dia da despedida.
começou a ouvir passos. eram os amigos que se aproximavam. sempre tinha companhia.

Nenhum comentário: