domingo, 9 de agosto de 2009

avô

queria chorar...apetecia-lhe lavar os olhos com lágrimas. há tanto tempo que não o fazia. a última vez tinha sido quando o avô morrera. que dor. fora a primeira vez que sentira, deveras, a dor da perda. eram tantas as saudades que já tinha...e ainda há poucas horas ele partira.
ia a caminho do trabalho, quando a mãe, com a voz embargada de dor, lhe telefonara a dizer o que tinha acontecido: "rosi...o avô morreu." rapidamente a estrada deixou de estar nítida. as curvas deixaram de existir...e a memória de outros tempos percorreu-lhe o corpo.
tinham sido tantas as palavras, os momentos partilhados. não queria que o avô tivesse morrido. por isso fingiu, durante breve segundos, que aquele telefonema não tinha acontecido. e continou a ouvir a rfm. depois, como uma vaga...teve de parar. as mãos tremiam. os olhos não deixavam de chorar. teve de parar o carro.
saiu. gritou. quis voltar atrás no tempo e abraçar o avô. tantas vezes, quantas as que fossem necessárias para que ele se sentisse confortável.
que dor.
que solidão.
que angústia.
e as lágrimas caíram, outra vez.

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