domingo, 9 de agosto de 2009

ainda era cedo

ainda era cedo

era cedo. de manhã custava sempre a levantar. o frio lá fora era intenso e as pernas recusavam-se a saltar debaixo dos lençóis. seria preguiça, talvez...mas, naquele dia, era, também, um medo imenso do que lá estava fora à espera.
todos aqueles meses à espera...tanta ânsia esgotada...tantos nervos, noites mal dormidas.
mas tinha de ser. o duche já estava atrasado e a boleia, de certeza, que não esperava.
pensava agora no trânsito de todos os dias...era tanto pela manhã! e as pessoas?!
havia gente que via todos os dias e cujos sorrisos jamais se tinham mostrado.
que preguiça...
o primeiro cigarro matinal ia queimando por entre as notas musicais saídas das colunas do rádio...
as gargalhadas dos locutores que não deixavam enganar alguma nostalgia...
rotina.
aquele dia ia ser diferente.
tinha de lá ir. afinal era por aquilo que esperava há tantos meses!
talvez o encontrasse, talvez ainda pudessem falar.
talvez fosse ainda viável um reencontro...
não. seria, certamente, de novo, o pesadelo: as esperas que nunca terminariam. os silêncios que jamais seriam interrompidos...
tinha de se levantar.
já estava atrasada.
o duche já estava à espera.
o café com o cigarro teriam de ficar para tarde.

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