domingo, 9 de agosto de 2009

esgar cruel

esgar cruel

não entendo essa frieza. esse esgar cruel. essa ousadia do teu olhar. são todos os dias os mesmos e tu sem desceres. sem quereres, sequer, falar comigo.
no café, ontem, quando me pediste para ir embora, tive vontade de sair dali definitivamente. tive vontade de não te tornar a ver. tive vontade de não permitir que me voltasses a olhar assim.
saíste, de novo, sem nada para deixar que eu abraçasse...e o meu dia correu como um labirinto fechado.
chorei.
já nem a memória das tuas mãos no meu rosto eu recordo. as tuas palavras soam-me estranhas. e esse olhar perdido no vazio aterroriza-me.
tens-me presa às memórias daquele tempo em que nos ríamos e era tudo tão fácil. daquele tempo em que, depois de nos abraçarmos, eu ficava feliz e não pedia mais nada. só a tua presença.
agora, tenho medo de ti.
escondo-me nos lençóis da cama à espera que tu não venhas. que te percas nalguma rua e esqueças a morada desta porta. mas tu vens sempre. mas tu olhas-me sempre com esse perfil tão cínico.
hoje, de ti, só medo e raiva.
pergunto-me tantas vezes quando começou o vazio, quando é que as nossas almas se separaram e não encontro o dia.
terá sido numa hora, num dia, num minuto?!
diz-me.
assim, enlouqueço.
assim, perco-me destas palavras cruzadas de lágrimas e raivas, quase surdas por uma espera que nunca vai chegar.
eu sei.
estou presa.
eu sei.
eu amo-te.
eu sei que não me posso ir embora.
eu sei que tenho medo de ti!

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